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giulia tomazi

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Foto do escritorGiulia Tomazi Kny

Sobre motivação e novos inícios

De uma vez por todas, temos que aceitar que o momento perfeito, ele nunca vai chegar


Essa carta tem a ver com motivação e novos inícios. Coincidentemente, ou talvez não, tem tudo a ver com o início desse projeto. Em nosso mundo, sinto como se tivéssemos aprendido a idealizar a motivação. Mais do que buscár-la, é como se a motivação fosse algo que precisamos sentir naturalmente, sem esforço. Se não for assim, então certamente há algo errado. Que não basta fazer, é preciso estar genuinamente motivado e empolgado - seja para trabalhar, se exercitar, mas principalmente, quando estamos falando de um projeto pessoal.


Mas algo que venho percebendo é que, na verdade, pode ser que a motivação não esteja ali no princípio, mas ela pode sim se incorporar ao longo do processo. Muitas vezes basta apenas atravessar o momento de inércia inicial para encontrá-la. O que acontece, no entanto, é que tantas vezes nos boicotamos e sequer iniciamos uma atividade, um projeto, um movimento, apenas porque não estávamos nos sentindo motivados o suficiente - já que tanto idealizamos essa motivação natural e constante que precisa estar presente para reafirmar que somos dignos e teremos sucesso em nossa empreitada. O que é absurdamente irreal.


Cada vez mais, me dou conta que a virada de chave talvez seja justamente aprender a fazer as coisas mesmo quando sentimos tédio, mesmo quando não acordamos no melhor dia, mesmo quando a preguiça parece querer nos vencer. Ou seja, apesar das circunstâncias, decidir manter o foco e colocar energia naquilo que havíamos nos proposto a fazer, mesmo que o percurso não seja tão fácil e natural quanto idealizamos, mesmo que o resultado não seja tão heróico e refinado quanto poderia ser. O importante é avançar.

E isso me leva a dois pontos que quero abordar. Primeiro, como tudo na vida, o equilíbrio é tudo. E com isso quero dizer que existirão momentos em que nos sentimos desmotivados e isso vai ser sim um sinal de que é hora de uma pausa necessária, que o melhor mesmo é que fique para um outro dia. Saber aproveitar a melhor energia para cada atividade e equilibrar momentos de descanso vale ouro nessa vida. E claro, se a motivação nunca chegar, talvez seja oportuno avaliar outros caminhos.


Mas por outro lado, é como se estivéssemos desaprendendo a lidar com o tédio. Em um mundo onde tudo é muito rápido e as recompensas são instantâneas, existem muitas fugas possíveis, e assim tornou-se muito fácil deixar de encarar a situação incômoda de fazer algo que não seja tão prazeroso. Embora seja a melhor escolha a longo prazo. Em um mundo onde podemos acessar qualquer opção em poucos minutos, seja alimentação, transporte, entretenimento, serviços, é como se estivéssemos desacostumados a enfrentar a monotonia dos afazeres incômodos da vida adulta. É como se esperássemos que exista uma saída fácil, sem trabalho duro, mas a verdade é que não há.


Depois de toda essa volta, encontrei tão pertinente ser esse o primeiro tema pois eu me sentia exatamente assim para iniciar essa newsletter, esperando que algum dia eu fosse acordar com uma motivação tão forte e genuína que me sentaria e, em um estado de concentração profunda, executaria todo o projeto e escreveria as primeiras cartas em questão de minutos. Que eu sentiria uma segurança incontestável de estar no caminho certo. Que não haveriam dúvidas, que não haveria tédio, que não haveria procrastinação. Afinal, se é algo que me proponho a fazer por mim, é isso o que deveria sentir, não é mesmo?! Não, não é. E estar agarrado a essa idealização pode ser justamente o que está nos travando. Justamente o que nos deixa tão aterrorizados quando enfrentamos novos inícios. Porque pensamos que precisa ser perfeito, e não é assim.



Sentei para escrever mesmo que minha mente estivesse um pouco dispersa. Fui escrevendo frases soltas, à medida que vinham, e depois fui costurando esse texto. Se no início a motivação não estava assim tão presente, depois de algum tempo se juntou para me fazer companhia. Venci a inércia inicial, venci a procrastinação, venci a autocrítica exagerada, e assim nasceu esse texto, o início desse projeto.


A mensagem que quero deixar é: não espere o momento perfeito para começar, porque a verdade é que ele provavelmente nunca vai chegar. Comece com o que você tem, faça o que você pode. Mas comece, mas faça. No final do dia, essa vai ser a diferença entre alguém que se movimenta, um passo que seja, em direção à pessoa que quer se tornar, e aquele que se paraliza e se deixa levar pela maré. No fim de tudo, o resultado da soma de todas as minúsculas ações que você toma no dia-a-dia vai te levar muito longe do seu ponto de partida, e vai determinar pelo que você será lembrado.


Mas isso, já é assunto para outro texto.

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